sábado, 13 de fevereiro de 2010

O que define gestação de alto risco?


Gestação de alto risco é definida pela ocorrência de qualquer doença materna ou condição sócio-biológica que pode prejudicar sua boa evolução. Nessa gestação há risco maior para a saúde da mãe e/ou do feto.

Quais são os fatores individuais e sócio-econômicos que indicam uma gestação de alto risco?

· Idade materna menor que 17 anos ou maior que 35 anos

· Altura materna menor que 1,45m
· Exposição a agentes físico-químicos nocivos e estresse

· Má aceitação da gestação

· Situação conjugal insegura

· Baixa escolaridade

· Baixa renda

· Peso materno inadequado

· Dependência de drogas lícitas ou ilícitas


Quais os caracteres de história ginecológica e obstétrica prévia relacionados à gestação de alto risco?

· Gestação ectópica

· Abortamento habitual
· Infertilidade
· Anormalidades uterinas
· Feto morto ou morte neonatal não explicada
· Trabalho de parto prematuro
· Recém nascido de baixo peso
· Neoplasia ginecológica

· Cirurgia uterina anterior
· Hemorragia ou pressão alta em gestação anterior

Quais são as doenças maternas prévias ou concomitantes relacionadas à gravidez de risco?

· Cardiopatia (doença do coração)
· Pneumopatia crônica (doença dos pulmões)
· Doença da tireóide
· Retardo mental
· Doenças sexualmente transmissíveis
· Tumores
· Doenças psiquiátricas
· Epilepsia
· Doenças hematológicas (do sangue)
· Infecções

Quais doenças ou alterações que podem ocorrer durante a gestação relacionadas à gravidez de risco?

· Crescimento uterino maior ou menor do que o esperado
· Gestação gemelar ou múltipla

· Não realização de pré-natal ou pré-natal insuficiente
· Hipertensão associada à gestação
· Diabete associada à gestação
· Ruptura prematura de membranas (ruptura da bolsa antes de 37 semanas)
· Isoimunização (doença do RH)
· Ganho de peso excessivo


Gestação complicada pelo Diabetes mellitus



Diabetes mellitus define um grupo de alterações genéticas e clinicamente heterogêneas que têm em comum a intolerância aos carboidratos. A gestação é considerada diabetogênica porque se caracteriza pela resistência à insulina, associada ao aumento dos níveis séricos de estrogênio, prolactina, progesterona, cortisol e somatomamotrofina coriônica, visando manter constante o suprimento de glicose para o feto. Na gestação normal isto é compensado pelo aumento da secreção pancreática de insulina. Nas pacientes com alterações no metabolismo dos carboidratos prévias à gestação e nas que não se ajustam às alterações próprias da gravidez, a elevação da glicemia materna acarreta hiperglicemia e hiperinsulinemia fetal, levando a um aumento da morbimortalidade perinatal.

Os avanços observados nas últimas duas décadas nas áreas de obstetrícia e pediatria e a melhoria do controle glicêmico durante a gestação levaram a uma significativa diminuição da morbimortalidade perinatal associada ao diabetes na gravidez. No entanto, complicações neonatais como membrana hialina, macrossomia (peso ao nascer > 4.000 gramas), hipocalcemia, hiperbilirrubinemia, policitemia (elevado número de eritrócitos no sangue) e hipomagnesemia ainda atingem 25% dos recém-nascidos de mães diabéticas e as malformações congênitas superam em quase três vezes aquelas observadas na população geral e contribuem como a principal causa de mortalidade perinatal. Para minimizar as condições adversas, a paciente diabética deve ser orientada a planejar suas gestações, de modo que os níveis glicêmicos estejam normalizados antes mesmo da concepção e durante a gestação o controle pré-natal deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar de assistência. A gravidade destes casos requer ações prementes na área de saúde voltadas ao esclarecimento da população quanto à importância do controle pré-natal e na orientação dos profissionais de saúde para o encaminhamento precoce da gestante diabética aos serviços de atenção terciária.

Gestação complicada por doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG)

A doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG), na sua forma pura, caracteriza-se pelo aparecimento, em grávida normotensa, após a vigésima semana de gestação, da tríade sintomática: hipertensão, proteinúria e edema. É uma doença incurável, exceto pela interrupção da gravidez, e pode evoluir para quadros ainda mais complexos, como eclâmpsia, síndrome HELLP (haemolysis, elevated liver enzyme activity, low platelets) ou CID (coagulação intravascular disseminada). As alterações hemodinâmicas observadas na gravidez normal, que incluem ajustes na fisiologia renal e cardiovascular, não ocorrem na DHEG. A manifestação mais característica dessa doença é uma acentuada vasoconstrição arteriolar, que acarreta um aumento da resistência vascular periférica e tem como conseqüência imediata o aparecimento da hipertensão. Um dos mecanismos compensatórios da hipertensão consiste na perda de plasma para o espaço extravascular, o que resulta no aparecimento de edema. A retração do volume plasmático na DHEG, no entanto, pode preceder a hipertensão. Com a evolução da doença, há um comprometimento da perfusão de vários órgãos, como placenta, rins, fígado, cérebro e pulmões. A retração do volume plasmático tem também como conseqüência a hemoconcentração, que compromete a velocidade do fluxo sangüíneo, favorecendo a ativação das plaquetas e a coagulação do sangue. Dessa forma, a hipercoagulabilidade evidenciada na gravidez normal acentua-se enormemente na DHEG.

A determinação de parâmetros hemostáticos com um valor preditivo no diagnóstico e prognóstico da DHEG é altamente desejável, considerando- se que o diagnóstico desta doença é difícil de ser estabelecido e, muitas vezes, essencialmente clínico. Embora diversos marcadores laboratoriais tenham sido relatados na literatura como promissores no auxílio ao diagnóstico da DHEG, há muita controvérsia quanto à sua utilidade, e nenhum deles é plenamente aceito. A investigação de mutações genéticas que favorecem o desenvolvimento de eventos tromboembólicos, em mulheres que manifestaram a DHEG, seguida da avaliação hemostática utilizando-se marcadores trombóticos, parece ser de grande importância para o planejamento de gestações futuras.


REFERÊNCIAS:

http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v20n4/a04v20n4.pdf
http://www.scielo.br/pdf/jped/v81n1/v81n1a10.pdf
http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v37n4/a08v37n4.pdf
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?208

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